segunda-feira, 3 de junho de 2013

E eu nada






Hoje eu pensei que se
Que se a vida cair
Que se o vento me tirar daqui

Que se eu me enfiar nas árvores como um galho de luz
E não conseguir fugir

E eu nada
E eu tudo
E eu sempre mais do que devia ser

E eu aqui
E eu lá
E eu em nenhum lugar

Que se essa maré não virar
Eu não me soltar mais dessas correntes
E não conseguir voar


E eu como o vento nesse leva e traz
E eu que de tanto amar já nem sinto mais
E eu aqui

E eu nada
E eu que sequei como os lagos que derramam
As lágrimas dos peixes

E eu que sinto como as marés
Que recuam pra poder gritar

E girar e girar
E voltar
Como ombros pesados a aguardar

Uma canção
Um sonho bom
Qualquer coisa que seja assim

Muito menos do que dizer,
E que seja o vento
Que veio contra o cais

Que se abraçou à última vela
E sorriu de tanto não ser
E de não ser chorou pedindo perdão

E de tanto pedir perdão
Não agarrou nada nas mãos
E mesmo assim e mesmo assim

Conseguiu voar ainda mais alto
Mexendo em tudo
E abrindo gavetas e mais fundo

E eu que já nem sinto mais os teus sinais
E eu que de tanto amar chorei mais
Do que qualquer um

E eu aqui
E eu nada
E eu que queria secar como os peixes

Sem o sofrer
Desse eterno leva e traz
Desse eterno nunca mais

Pra sempre

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