quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Puta que pariu!

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Não estou alterada, nem de TPM, nem louca, nem com fogo no rabo, eu estou completamente TRISTE por ver uma juventude tão perdida que continua reproduzindo e reproduzindo e reproduzindo os mesmos preconceitos de séculos atrás.
Eu quero que todos os homens desse mundo que acham que o lugar de uma mulher é unicamente na cozinha se afoguem na pia, na privada e no ralo juntamente a suas merdas de opiniões.
Entendam, de uma vez por todas: rir de uma piada machista, sexista, que contenha preconceito de qualquer tipo, não te faz uma pessoa melhor do que o que FEZ a piada. Principalmente em uma rede social, se deliciar com a desgraça do outro, com o sofrimento alheio é VERGONHOSO. É disseminar uma ideia tosca, um estereótipo mal-formulado. Ninguém precisa da merda da sua opinião se ela não ajuda em nada a luta de milhões de seres humanos (homens, também!) que passam dias tentando desconstruir o patriarcado e o sexismo, seja por meio de textos, blogs, por meio do jornalismo ou mesmo indo as ruas participar das passeatas.
Pense bem: você gostaria de ser MENOSPREZADO pelo seu gênero? Você gostaria de passar na rua e ser só uma BUNDA? Você gostaria do fato das suas idéias não valerem nada frente a isso? Gostaria de ir a uma Bienal de Livros comprar livros para se tornar um profissional mais competente, e assim que pisa no local, alguém passa a mão na sua bunda? Como se você fosse um mero objeto, como se você nem estivesse ali? Certamente que não.
Você gostaria de lutar por um mundo melhor, em que as pessoas SE RESPEITEM, em que haja limites para o HUMOR, e ver pessoas se deliciando com o menosprezo alheio?
É o seguinte: para cada piada de mulher que você ri, para cada piada de homossexual, para cada piada de negro, enquanto você está rindo do outro lado da tela provavelmente há uma pessoa SOFRENDO HORRORES COM FALTA DE ESPERANÇA NO MUNDO.
Em que mulheres não deveriam ocupar algum cargo porque deveriam estender roupa num varal. Quem vocês acham que são para brincarem com o sentimento dos outros?
Quem vocês acham que são para brincarem com a luta dos outros?
Isso é sério. Isso é falta de respeito. Isso não é liberdade de expressão caros seres humanos, ISSO É DESRESPEITO, e eu acredito, com toda a minha fé, que Deus está vendo essas barbaridades.
A vida está aí: cabe a cada um decidir o que fará dela. Siga em frente rindo das pessoas, compartilhando essas brincadeiras bizarras, achando que o mundo é um algodão doce cor-de-rosa em que todas as pessoas são felizes.
Para vocês é fácil, afinal de contas não são vocês que são assediados na rua, que tem medo de sair de casa. Não são vocês que cresceram ouvindo que “mulher não pode isso, que mulher não pode aquilo, que mulher tem que ser santa e uma boa esposa”.
Na boa, os meus sonhos são: ser uma profissional competente, estudar para tanto. É uma tristeza se esforçar e ler constantemente que lugar de mulher é na cozinha.
E sabe qual é o lugar de vocês? O lugar de vocês é na puta que os pariu.
Para vocês é apenas uma brincadeira. Ok, certo. Mas o meu coração dói. O meu coração dói de verdade.
Penso em todas as mulheres que sofrem constantemente para conquistar direitos para si mesmas, e para todas as outras. As feministas querem os direitos para todas, suas moças machistas!
É muito fácil se acomodar quando você não precisa pegar o transporte público e caminhar na rua sozinha. Quando você não é uma transexual e não é agredida verbalmente e fisicamente constantemente. Realmente, é muito fácil. Não se esqueça que um dia, quando você estiver passando despercebida, um homem poderá passar a mão em você.
E o que você vai dizer? Continuará com esse discurso de “homem é assim mesmo?”
Homens, no dia que vocês tiverem uma filha e ela sofrer assédio ou for estuprada, o que você vai fazer? Proibi-la de sair de casa? Mandá-la se vestir como santa?
Nada disso adiantará. Porque nesse momento o veneno já terá se espalhado por todo o mundo.
E adivinha quem os espalhou por aí?
Foram vocês mesmos.

Essa corja.
Estou envergonhada.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Algumas palavras inúteis à garota que jamais conheci

Sentei em seu colo num instante abrupto
como outro
qualquer.
Enrosquei suas pernas em minhas pernas
quando lhe conheci
sem dizer oi.

Ela tinha o coração um pouco
machucado e
um lindo rosto.

Eu a beijei. nós fumamos e
dançamos.
Mas qualquer um poderia dizer qualquer
coisa
sobre isto.

Quando deito em minha cama ela faz um
barulho quase que de
um lamento triste.
Um murmúrio baixo indicativo de que
essa é apenas
mais uma noite como
todas as outras.

Em que se está só e nem um pouco triste
e nem um pouco feliz.
Minha cama range e eu penso em todos
os barulhos da minha vida que
viraram silêncio.

Como quase todos os momentos de quase todas
as pessoas.
Ainda assim estou absolutamente só e lembrando
dos suspiros daquela
garota
que deixou um quê de relâmpado que na hora
não vi

[mas que hoje continua ardendo nas minhas vistas como se
nunca tivesse passado.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Viva

i'm fading





O meu fantasma possuía olhos muito pretos e muito fundos, borrados
                                                                                                              [de rímel
e deslizava pela sala com seu cabelo desgrenhado e seus pés meio imundos e
                                                                                                     [absolutamente lindos

Minha assombração tinha um quê de miserável e de atordoada por suas olheiras bem
marcadas e bem verdes.
Quase não tinha cor: era branca de um lamento triste, de um impulso orgástico.
Sua falta de melanina acabava comigo. eu ficava sem saber como olhá-la sem ao menos
                                                                                        [fechar os olhos por um instante.

Tigresa de entranhas muito vermelhas e muito vivas (eu implorava!)
por um beijo teu.
não era amor; era paixão. ardente viva como um fósforo queimando eterno.

Sonho ou pesadelo, não lhe sei, não lhe quero saber. o seu fascínio era além de
                                                                                                                    [uma dicotomia
era a verdade própria, sem raciocínio.