domingo, 8 de março de 2015

Você estava de batom vermelho e eu simplesmente não conseguia parar de olhar para você. Nem quis tentar. Dessa vez não. Queria que você olhasse para mim.
Você não queria fumar, não queria fazer absolutamente nada que borrasse o seu batom. Qualquer coisa assim estragaria a sua pele, sua branca pele linda. Você é completamente chata e eu sempre soube disso, mas, por Deus, eu só queria te beijar. Não conseguia mais olhar para você daquele jeito, tão bonitinha, tão enxuta, tão pequena, com seu rabo-de-cavalo. Até naquele puta calor daquele show você não se desfazia. Com suas perninhas lindas. Toquei seus lábios, de levinho, de surpresa. Você deu um gritinho! Meu Deus, que lady. Só me dava vontade de te beijar, principalmente enquanto eu deitava no seu colo e você fazia carinho nas minhas costas.
Você foi a primeira mulher que eu beijei. Eu simplesmente queria arrumar um carro, uma carteira de habilitação, um dinheiro e um punhado de roupas e sair daqui com você. Eu só queria sair daqui com você.
E te beijar, e te fazer carinho nas costas. Em algum lugar em que você não fosse tão boba a ponto de não querer sujar o seu batom e perder a compostura.
Eu queria ir até algum lugar em que não tivesse quem olhar pra você, só eu. Assim você prestaria mais atenção em mim, prestaria atenção que naquela noite não era só mais uma daquelas em que eu estava esperando um pouco de sorte e que você ditasse as regras. Não, meu bem, definitivamente não. Eu só queria te olhar. Mesmo sabendo que você não ia me beijar daquela vez, mesmo sabendo que no fundo no fundo no fundo eu não te atraía tanto quanto você me atraía, eu juro, eu só queria olhar pra você.
Olhar tanto tempo e tão fundo nos seus olhos a ponto de você achar engraçado. Não costumo encarar os outros dessa forma, mas eu simplesmente precisava daquele momento. Precisava capturar aquilo, precisaria me lembrar em um futuro bem distante que você é a mulher mais linda que eu já conheci na minha vida. A mais atraente, mais sexy, complicada e simplesmente chata. Pseudo-intelectual e bem variável. Você me encantava. Eu simplesmente precisei deixar registrado o quanto a sua presença me regozijava e me inquietava. Ter você o show inteiro dançando comigo e segurando a minha mão o mais forte possível que a sua altura lhe permitia. Olhando a sua boca, seu batom, e pensando "puta que pariu!"
Eu só conseguia pensar puta que pariu. Eu queria sair correndo e levar você nas costas.
Você sempre seria mais do que uma amiga, a minha companheira de alma. A primeira garota que eu beijei na vida. Eu nunca me esqueceria de você. Naquela noite, eu tive essa certeza.
in the afternoon you said to me
"baby i'm leaving"
and even though i had heard
"ok honey i'm going to hell i'm going to meet all the bitches in the word: i'm gonna go everywhere without you"
i just lot patiently at you and told you that it was alright.

it is. even in the planes where there are people and all their sickness and all their remedys and all their: "i need to turn on the light here even if you asleep, i am so sorry"
it is alright, but i don't know why it is so hard to love people when they are breathing next to you
and i know that should be a good opportunity to get to know them, but
well, in those moments i just want to scream
and run away. indeed.

in that moment when you are flying but you have no air.
and it is alright, baby, let's enjoy the clouds.
i actually don't know why it is so hard to like people.
sitting next to a person that you don't know but could get to
should be lovely. for the others, may it happens.

but ok God, let's try it one more time:
i will try to keep being a good person
and smiling at people and taking good chances and helping them.
i will try because i don't want to go to hell or whatever people call
it: probably there i would meet a lot of killers, rapists, pedophiles, and all human with
no soul.

and i really don't have an idea if the person sitting beside me is one
of these. but during the flight i promise just to think the best.
it is a good person. it is a good person. it is a good person.
dear God, i am afraid it isn't.
at least in there i have the doubt. in the hell i would be sure about it.

"hey baby i'm leaving"
i need a remedy.

Eu sinto faíscas que explodem no meu peito
E  fazem malabarismos no ar sem que eu as veja
Eu escrevo e digo alto que acordei hoje cedo
E de tanto escrever o mundo, ele acabou me escrevendo

Assim como eu, outras milhares
Que são uma linha infinita de diferencial
Das outras que são tantas
E por serem tantas são tantas vezes mais do que são

Uma mulher me deu a vida de sua vida
A contragosto dos machismos, preconceitos, fobias sociais
Exaustão me dada nos nervos que faz com que eu quase perca o fôlego
Todas as mulheres são vida.

Aspiram vida, inalam vida, dão vida
Uma mulher é a arte porque a arte
A imita perfeitamente assim a luz do sol
Imita o sol.

O toque, o mistério, o cinismo e os ciclos
São apenas mais uma gaveta dentro de um armário extenso
Pois o que guarda tudo é sempre mais valioso do que tudo
É preciso ser arte, sentir arte, para depois, fazer arte

Mulheres morreram na fogueira para que eu pudesse ler isto
Joana D'arc lutou contra tantos antes de vocês me ouvirem
Cleópatra, Maria da Penha, Marie Curie, Cora Coralina, Carmen Miranda, Madre Teresa de Calcutá
Mulheres que mudaram o mundo ou apenas a elas mesmas (que são o mundo)

Talvez lhe passe pela cabeça, mesmo sem aspereza
Mas e Da Vinci, Bukowski, Freud, Vinicius de Moraes, Veríssimo?
Bom, meu amor, todos eles pintavam, escreviam, analisavam
Mulheres

Por isso, se um dia mais cedo ou muito antes
Eu for embora da vida
Não te entristeça a face
Não derrame uma lágrima

Pois ao levantar de manhã quase que imagino o céu
E quando olho no rosto de todas as coisas
Sou todas as coisas sem que eu me deixe de ser
Por isso, olhe pra mim, apenas olhe pra mim

Em qualquer canto há de me encontrar
Clarice uma vez disse baixinho quase no meu ouvido que
A vida se me é
E a vida se nos é, a vida se nos é a todas.






Hoje

Hoje é sexta
Já são quase 11
E você não me ligou

Hoje é sexta
E você foi pra casa dela
Dei um sorriso tímido
Mas não fui sincera

Será que eu faço parte
De alguma coisa que já foi inteira
Ou será que estou apenas
Tentando juntar os cacos?

Hoje é sexta e eu quis abrir as asas
Voar pra onde eu encontrasse respostas
Ou ao menos seu cheirinho
Sem essa poeira das caixas
De mudança

Eu vou sair daqui, eu digo
Mas cinco minutos depois eu volto
Por conforto ou desespero
Por saudade ou aconchego

Hoje é sexta e eu nem sei de você
Vou dormir sem saber como foi o seu dia porque
Talvez eu não queira nem saber
Pra não me aborrecer

Você me olha e diz que meus olhos são verdes
E eu quase digo que eu não sei dizer
Porque eu já decorei todos os seus tipos de sorriso
Mas você me olha e não consegue me ver

E eu estou buscando palavras que se esvaem
Só pra dizer
Que hoje é sexta e eu
Eu não sei de você