sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sombras



2:18. Tic-tac. Tic-tac.
Um lápis, um papel, um trabalho
Tudo funciona melhor nesse horário
Só não me faça pegar um café e lhe assistir
Eu jamais poderia prosseguir
Porque dentre todas essas granadas
Ainda prefiro as minhas mil palavras.

Esses absurdos envoltos na madrugada
Não são nada
Não são nada
Comparados ao tremendo desassosego
que eu perdi debaixo do meu travesseiro
2:22. Tic tac. Tic tac.
E ainda parecemos máquinas

Se vocêr quer saber de algo, vou lhe dizer
Nossas sombras funcionam melhor no escuro
E no silêncio: é aí que elas moram
A casa que elas habitam não é nada menos, nada mais
Do que a total retirada da minha paz
Pois é na falta de som, na falta de luz,
Que somos o que somos, sem véus ou capas
Sem dilemas ou muralhas

No inverso das sombras também mora a luz
Não somos pedaços, fragmentos
Somos um resultado
O que construímos, demolimos ou assistimos
É na calada da noite que as palavras ecoam nas paredes
Os gritos retinam e ressoam, mas ninguém pode ouvi-los

A luz mora nos impiedosos lares
Nos equívocos de todos os dias
Afinal, o escuro só existe no brilho
Se a luz é um conjunto das sombras
Para brilhar é preciso florescer
O escuro não pode morrer!

2:35.O meu trabalho continua em branco
Mas na minha cabeça moram todos os pensamentos
E todos os sonhos do mundo
Enquanto os minutos passam
Guardo comigo a certeza de que
Todas as palavras do mundo
Ainda são pouco pro que eu quero dizer!