sábado, 15 de março de 2014

Memória

mermaid hair | via Tumblr


Meu amor, escrevo-lhe à luz da lua, em meio ao inferno que este mundo está se tornando. Olho para  frente, para trás e para os lados e as dunas que vejo parecem-me mais como vendavais desfeitos por uma força maior. Das muitas coisas ao meu entorno, poucas tocam o meu coração, acendem-me as pupilas, fazem o meu sangue correr. De nada me vale esta lua se carrego de ti apenas uma foto manchada e uma lembrança nítida de tuas maçãs do rosto. Querida, estaria triste se ainda houvesse em meu coração qualquer coisa além do desejo absurdo de lembrar de ti a cada milésimo de segundo, para que assim, eu não te esqueças jamais. Eu sinto saudades. Os olhos da memória me falham, talvez eu te veja mais bonita agora. Já não enxergo tuas veias saltando dos braços ou teus olhos fundos de dor.  Já não encontro  mais nas dunas as tuas rugas na testa. Tudo que me resta é uma foto tua, quase tua. E ainda sou teu, foi tudo que me restou: esta certeza. Enquanto não vejo tuas mãos delicadas e teus cabeços bagunçados, eu te imagino, te pressinto, pois o tempo passou, você deve estar diferente na minha memória também. Te reinvento todos os dias para que eu nunca me esqueça. E principalmente para que nunca esqueças, meu amor, você ainda é tudo que eu tenho.

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